
F.C. Porto-Dínamo Kiev, 0-1
Corrente de Leste nas bancadas do Estádio do Dragão, com desaire inusitado do F.C. Porto. Três anos depois, o Dínamo de Kiev substituiu o fantasma Artmedia, responsável pela última derrota portista na Liga dos Campeões, como visitado. Aliyev venceu o duelo com Nuno Espírito Santo (0-1).
O F.C. Porto cai para o terceiro lugar no Grupo G, nas costas de Arsenal e Dínamo de Kiev, a par de desvantagem nos confrontos com ingleses e ucranianos. Em fase de jornada dupla com o mesmo adversário, a equipa de Jesualdo Ferreira terá de vencer na Ucrânia para continuar a namorar a próxima fase da competição.
Cansaço por toda a parte
Jesualdo alertara para o potencial deste D. Kiev, orientada pelo experiente Yuri Semin. O treinador do F.C. Porto voltara a falar, por outro lado, de condicionalismos físicos em peças nucleares do onze portista, após sucessão de compromissos das selecções nacionais. Neste aspecto, contudo, subsistem dúvidas.
O F.C. Porto entrou em campo com quatro jogadores envolvidos na última jornada internacional: Sapunaru, Bruno Alves, Raul Meireles e Rodriguez. Fucile ficara de fora devido a lesão contraída ao serviço do Uruguai, mas os argumentos parecem curtos, quando se observa a notória precariedade física de elementos como Lucho ou Mariano González.
Aliás, no sector ofensivo, a escassez de extremos sem limitações é gritante. Mariano não consegue completar um jogo, Rodriguez não estava a cem por cento, Tarik vem de lesão, Candeias ficou de fora. Com este cenário, verifica-se um afunilamento do futebol portista, onde os passes de Lucho e as arrancadas de Lisandro surgem como disco riscado, quando o adversário vem com a lição devidamente estudada.
Dragão congelado
O final de tarde indiciava tremores constantes. Depois de longos dias de sol, o Porto esperava a noite com ventos gélidos, entre períodos de chuva. À medida do D. Kiev, qual encomenda vinda de Leste. O fogo do Dragão estava congelado. O F.C. Porto entrou sem aquecer e ficou à espera. Os jogadores só aceleravam com bola. Falta de agressividade na defesa, escassez de movimentações ofensivas, e um efeito capaz de enganar Espírito Santo.
Olexandr Aliyev cobrou o livre, disparou em frente, a bola assumiu vontade própria e fugiu a Nuno. O guarda-redes deu dois passos para um lado e já não conseguiu recuperar, permitindo o golo por entre as suas luvas. Com Hélton na bancada. Frio glaciar no recinto portista, ao minuto 27.
Quebrar depois de partir
O F.C. Porto só justificou o estatuto de tricampeão após o golo consentido. Ferido no orgulho, recuperou a pujança esperada pelos adeptos e começou a olhar para Bogush. Antes, raramente o fizera. Jesualdo Ferreira assistiu à boa recta final da sua equipa, mas continuava a debater-se com o angustiante zero. No reatamento, decidiu partir o onze, trocando o trinco (Fernando) pelo elemento mais fresco no sector ofensivo (Hulk).
Tudo ou nada. O avançado brasileiro começou a atirar a torto e a direito, criando a ilusão de um Dragão em crescendo. O D. Kiev encolheu-se, humildemente, mas raramente deixou a sensação de descontrolo emocional. Seguiram-se Tarik, Tomás Costa, tudo ao molho e fé em Deus. Nada a fazer. Razões de queixa em relação à arbitragem, mas insuficientes para justificar uma noite gelada.
Vítor Hugo Alvarenga
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